""As cidadezinhas são feias, desoladas, monótonas. As pessoas apresentam deformações grotescas, seja no corpo ou no caráter. Em cenários macabros, amor e ódio se entrelaçam, e a solidão das almas parece não ter fim. Com traços como esses, sinalizadores da tendência ao regionalismo fantástico, constituiu-se nos Estados Unidos, a partir das visões antes propostas por Faulkner, a tradição de ficções ambientadas nos estados mais atrasados do Sul, que se tornou conhecida, em seu conjunto, como ""gótico sulista"".
Tennessee Williams, o primeiro Truman Capote e muitos outros criaram obras marcantes nessa linha. Mas foram principalmente duas mulheres, Carson McCullers e Flannery O'Connor, ambas naturais da Geórgia, que em seus contos e romances deram ao novo gênero gótico, entre crises de desespero e tragédia, um tratamento mais típico.
Em 1940, com 22 anos, McCullers fez sucesso imediato ao publicar seu primeiro livro, O coração é um caçador solitário. Adaptações de seus textos para o teatro e o cinema, como a peça que Edward Albee extraiu de A balada do café triste, confirmaram o interesse pela teatricidade dos enredos sulistas, projetando o nome da autora à fama internacional.
Se há desencontros, raiva, estagnação e preconceitos no mundo às vezes sufocante de Carson McCullers, há também, tramado com perícia, um desnudar impiedoso das motivações humanas. Seus personagens cheios de angústia e desamor soam autênticos por serem reproduções quase clínicas de sua vida e visão atormentadas.""
Leonardo Fróes, escritor e crítico literário
"Carson McCullers (1917-1967) natural da Geórgia, Estados Unidos, fixou-se em Nova York aos 17 anos. Em princípio, iria estudar piano, mas logo derivou para a escrita. Publicou seus principais livros na década de 1940. De saúde sempre instável, morreu aos 50 anos, consagrada pela originalidade de suas obras. Publicou, além de A balada do café triste, O coração é um caçador solitário, Reflexos de um olho dourado e outros.
O nome de batismo de Carson McCullers era Lula Carson Smith. Nasceu em Columbus, no Estado da Geórgia, filha de um casal de classe média, em 1917. Aos 17 anos, mudou-se para Nova York com a intenção de estudar música, mas desistiu depois de perder todo o seu dinheiro no metrô. Aos 20, casou-se com um aspirante a escritor, Reeves McCullers, de quem se separou três anos depois e com quem voltou a se casar anos mais tarde, numa relação sempre tumultuada. A autora também se relacionou com mulheres. Sua vida foi marcada por doenças: sofreu de uma febre reumática aos 15 anos e teve uma série de derrames até morrer de hemorragia cerebral aos 50. Passou seus últimos anos numa cadeira de rodas. A escritora também sofreu de alcoolismo e teria tentado suicídio.McCullers escreveu ainda os romances Reflexos num olho dourado, Relógio sem ponteiros e A convidada do casamento, que originou uma peça de teatro escrita por ela mesma. Publicou ainda contos (parcialmente reunidos em A balada do café triste), ensaios e poesia. Certa vez disse: “Vivo com as pessoas que eu criei e isso faz minha solidão essencial menos dolorosa”. Fragmentos de uma autobiografia foram publicados postumamente. |
CAIO FERNANDO ABREU nasceu em Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul, em 1948. Sua obra ganhou forma em contos, peças, poemas, romances e em uma vasta produção epistolar. É autor de Limite branco (1971), O ovo apunhalado (1975), Morangos mofados (1982) e Onde andará Dulce Veiga? (1990), entre outros livros. Morreu em Porto Alegre, em 1996. |
ISBN | 9788503010702 |
Autores | Mccullers, Carson (Autor) ; Abreu, Caio Fernando (Tradutor) |
Editora | José Olympio |
Idioma | Português |
Edição | 3 |
Ano de edição | 2010 |
Páginas | 192 |
Acabamento | Brochura |
Dimensões | 21,00 X 13,50 |
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