Um frio que assola apenas negros. Um sopro gélido que fez um número incalculável deles desaparecer. Um fenômeno que ninguém acredita ser possível. Este é o pano de fundo deste breve e instigante livro de Oswaldo de Camargo.
Publicada pela primeira vez em 1978, A descoberta do frio é uma grande referência na obra de Oswaldo de Camargo. A provocadora novela relata o surgimento de um frio — a lgo absurdo, algo inimaginável sob o calor de setembro — que faz um número incalculável de negros desaparecer e no qual ninguém acredita. Cabe a Zé Antunes, protagonista da história, tentar convencer as pessoas da cidade de sua existência. Tudo o que consegue, porém, é indiferença, palavra-chave para esta narrativa.
Assim como em O carro do êxito, A descoberta do frio é um registro que extrapola a ficção para eternizar poetas, jornalistas, ativistas de imensurável valor histórico para o movimento negro, além de uma intimação aos leitores para pensar a questão racial no Brasil. Como afirma o sociólogo Clóvis Moura no prefácio à primeira edição — reproduzido neste livro —, Oswaldo de Camargo assume aqui, como negro e como escritor, “uma posição de denúncia e, ao mesmo tempo, de reelaboração estética de um conflito social, político, cultural e étnico”.
Esta edição, que foi revista pelo autor e conta com ilustrações de Kika Carvalho, recupera a atualidade e urgência da obra do incontornável Oswaldo de Camargo.
“Em A descoberta do frio, Oswaldo de Camargo demonstra que a literatura não se resume aos modismos temáticos ou à vaidade pessoal do autor. Para Camargo, o ato de escrever é, antes de tudo, uma crítica ao horror que chamamos, muitas vezes, de civilização.” — Edimilson de Almeida Pereira
“Esta trama de Oswaldo de Camargo nos engaja, desde as primeiras páginas, a percorrer as ruas de uma grande cidade em busca de respostas sobre a doença misteriosa que toma a alma de pessoas negras. Na ficção bem construída, experimentamos os encontros da intelectualidade negra da década de 1970 rememorando episódios de séculos anteriores, todos profundamente atuais.” — Bianca Santana
Sociólogo, historiador e jornalista, filho de pai negro e mãe branca, iniciou sua militância bem jovem no movimento estudantil. Em Salvador-BA, ingressou no PCB em 1942, partido pelo qual se elegeria deputado estadual em 1947. Em 1949, estabeleceu-se em São Paulo, onde passou a ter como interlocutores grandes nomes como Caio Prado Jr. Marxista, desenvolveu a sociologia da práxis negra. Publica em 1959 Rebeliões na Senzala. A partir dos anos 1960, destacou-se por sua produção teórica e, na década seguinte, deu início a uma militância atuante junto ao movimento negro. Recebeu, em 1982, da Universidade de São Paulo, o título de professor especialista por notório saber. Publicou, entre outras, Dialética Radical do Brasil Negro (1994) e Dicionário da Escravidão Negra no Brasil (2004). |
Oswaldo de Camargo é jornalista, com carreira no jornal O Estado de S. Paulo e na Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Vários de seus poemas, contos e artigos a respeito do trajeto do negro brasileiro foram traduzidos para o alemão, inglês, francês, espanhol. |
ISBN | 9788535934519 |
Autores | Camargo, Oswaldo De (Autor) ; Carvalho, Kika (Ilustrador) ; Nunes, Alceu Chiesorin (Design) ; Moura, Clóvis (Prefácio) |
Editora | Companhia Das Letras |
Idioma | Português |
Edição | 1 |
Ano de edição | 2023 |
Páginas | 136 |
Acabamento | Brochura |
Dimensões | 21,00 X 14,00 |
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