Paul Auster (nascido em 1947) é um dos autores mais apaixonantes da literatura americana atual. A invenção da solidão, um livro de memórias, é especialmente adequado para quem deseja se iniciar em sua obra, pois aqui ele exercita também seus notáveis talentos de poeta, tradutor, ensaísta e ficcionista. Construído na forma de um mosaico poético, o livro alterna recordações pessoais com comentários argutos sobre literatura, pintura e filosofia. O tema de base é a paternidade. Na primeira parte do volume, "Retrato de um homem invisível", Auster, abalado com a morte do pai, tenta examinar o mistério desse homem frio, esquivo, cujo enigma só começa a se desvendar por um lance de sorte. Chega ao conhecimento do escritor a notícia de um assassinato, ocorrido em sua família sessenta anos antes. Um trauma capaz de dobrar a vida de um homem em uma face visível e outra invisível.Auster relaciona essa experiência à literatura, arte que ensina a ver por trás de cada coisa uma outra, que só se vislumbra quando encarada do ângulo da ficção. As coisas têm uma vida dupla, no mundo e na nossa mente. Eis a raiz da solidão que Auster deseja investigar: o pensamento e a linguagem, que nos projetam para fora de nós mesmos, erguem ao mesmo tempo a barreira que nos isola do mundo e dos outros.Na segunda parte, "O livro da memória", Auster inverte as posições e põe em foco sua relação com o filho. Experiências e situações se repetem, em um sutil jogo de coincidências, que deixam Auster frente a frente com as limitações inerentes ao papel de pai e com a solidão que também envolve seu filho. No curso dessa exploração poética, Paul Auster faz valer seus atributos de crítico literário e analisa obras como As aventuras de Pinóquio, As mil e uma noites, a poesia de Hölderlin, Mallarmé e Marina Tzvetáieva, o pensamento de Proust e Freud, além da pintura de Vermeer e Van Gogh. Entrelaça essas diversas obras, de forma irresistível, em torno do tema das relações entre pai e filho, ficção e vida, linguagem e solidão.
Sobre os autores(as)
Auster, Paul
PAUL AUSTER foi um escritor, roteirista e poeta norte-americano nascido em Newark, em 1947. Estreou na literatura com A invenção da solidão e ganhou fama internacional com A trilogia de Nova York. Sua obra foi traduzida para mais de quarenta idiomas. Faleceu em 2024, aos 77 anos. |
Figueiredo, Rubens
É diretor-geral do Cepac – Pesquisa e Comunicação. Consultor político, pós-graduado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), fez estágio nas principais centrais patronais da França, da Inglaterra e da Espanha. É comentarista da rádio Jovem Pan, associado à World Association for Public Opinion Research (Wapor), fundadore diretor executivo da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), integrante do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp (Cesop), conselheiro da Fundação Konrad Adenauer e da Associação Comercial de São Paulo. Escreveu, em parceria com Fernando Henrique Cardoso, o paper “Reconciling capitalists with democracy: the Brazilian case”, apresentado na Itália e publicado na Inglaterra. Realizou palestras na maioria dos estados brasileiros e em países como França, Alemanha, Moçambique, Argentina, Chile, Peru, México e Venezuela. Colabora regularmente com artigos e declarações na imprensa nacional e internacional. |