A passo de caranguejo reúne escritos de Umberto Eco sobre os eventos políticos e midiáticos que influenciaram o mundo no começo do século XXI.
Os textos deste A passo de caranguejo explicitam as mudanças dramáticas que ocorreram na política mundial desde o final do último milênio. Terminada a Guerra Fria, os conflitos no Afeganistão e no Iraque trouxeram a volta da guerra combatida ou guerra quente; iniciou-se uma nova temporada de “cruzadas”, com o choque entre Islã e cristandade; reapareceram os fundamentalismos cristãos que pareciam pertencer à crônica do século XIX, com a retomada da polêmica antidarwinista; ressurgiu (ainda que sob a forma demográfica e econômica) o fantasma do Perigo Amarelo; o antissemitismo voltou triunfante; e neofascistas tomaram o poder em vários países.
O que nos levou a essa era de guerras quentes e populismo da mídia, e de que forma isso foi vendido como progresso? Eco discute tópicos como racismo, mitologia, retórica, União Europeia, Oriente Médio, tecnologia, o 11 de setembro, heranças medievais, propagandas de televisão, globalização, Harry Potter, antissemitismo, lógica, a Torre de Babel, fundamentalismos, O Código da Vinci, pensamento mágico etc. O autor nos mostra seu lado mais apegado ao cotidiano e, ao mesmo tempo, engajado: um intelectual envolvido em eventos tanto locais quanto globais, e um homem preocupado com política, educação, ética e com os rumos que a humanidade vem tomando.
Os tempos são sombrios, os costumes são corruptos e até o direito à crítica é sufocado por formas de censura ou pela fúria popular. Parece que a história, frenética com os saltos dados nos dois milênios anteriores, andou para trás, marchando rapidamente a passo de caranguejo. Este livro se propõe não tanto a avançar, mas a interromper, pelo menos um pouco, esse movimento retrógrado.
“Muitos fenômenos de passo retrógrafo vão emergir dos artigos deste livro, o bastante, enfim, para justificar o título. Mas sem dúvida alguma coisa nova, ao menos no nosso país, aconteceu; algo que ainda não tinha acontecido: a instauração de uma forma de governo baseada no apelo populista pela mídia, perpetrado por uma empresa privada voltada para o próprio interesse privado — experimento certamente novo, ao menos no cenário europeu, e muito mais esperto e tecnologicamente aguerrido do que os populismos do Terceiro Mundo.
A este tema são dedicados muitos destes escritos, nascidos da preocupação e da indignação desse Novo que Avança, o qual (ao menos enquanto eu mando imprimir estas linhas) não se sabe se será possível deter.”
"Umberto Eco (Alexandria, 1932 – Milão, 2016) foi filósofo, medievalista, semiólogo, crítico literário e midiólogo. Estreou na ficção narrativa com O nome da rosa, seguido de O pêndulo de Foucault, A ilha do dia anterior, Baudolino, A misteriosa chama da rainha Loana, O cemitério de Praga e Número zero. Entre suas numerosas obras ensaísticas (acadêmicas ou não), recordamos: Tratado geral de semiótica, Os limites da interpretação, Kant e o ornitorrinco, Da árvore ao labirinto, Quase a mesma coisa e A definição da arte. Publicou os volumes ilustrados História da beleza, História da feiura, A vertigem das listas e História das terras e lugares lendários. Reconhecido como um dos mais importantes escritores e pensadores dos últimos tempos, a maior parte de sua obra é publicada no Brasil pela Editora Record.
Foi filósofo, medievalista, linguista e ficcionista. Professor da Universidade de Bolonha, projetou-se internacionalmente como semioticista a partir dos anos 1960, com ensaios que buscavam interpretar as culturas por meio de seus signos e símbolos, além de textos fundamentais na área como o Tratado Geral de Semiótica. Notabilizou-se ainda pelos estudos acerca da cultura de massa, como em Apocalípticos e Integrados, Lector in Fabula, O Super-Homem de Massa, dentre numerosas obras acadêmicas e não acadêmicas, nas quais sempre se faz notar uma verve muito particular. Sua coletânea de ensaios, Obra Aberta, estabeleceu a noção de abertura e infinitude do texto literário a múltiplas interpretações. Estreou na ficção em 1980 com O Nome da Rosa, um romance erudito cujo sucesso o tornou conhecido também do público geral. |
| ISBN | 9788501076823 |
| Autores | Eco, Umberto (Autor) ; Mauro, Sérgio (Tradutor) |
| Editora | Record |
| Idioma | Português |
| Grade curricular | Ensino Universitário |
| Edição | 2 |
| Ano de edição | 2022 |
| Páginas | 406 |
| Acabamento | Brochura |
| Dimensões | 22,50 X 15,50 |
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