"O mundo de cabeça para baixo“A Natureza vive experimentando e errando. Dá cem pés à centopeia e nem um para as minhocas, por que tanta injustiça? [...] Veste os besouros com uma casca grossa demais e deixa as minhocas mais nuas do que a careca do Quindó, isso é erro. Quanto mais observo as coisas mais acho tudo torto e errado.”Dona Benta e Tia Nastácia são chamadas às pressas à Europa para resolver o problema das guerras. Enquanto isso, a arteira boneca Emília fica sozinha no Sítio do Picapau Amarelo e põe em prática um plano secreto: reformar a Natureza, melhorando o mundo ao seu redor. Nesta belíssima história publicada pela primeira vez em 1941, Monteiro Lobato dá asas à imaginação ao mesmo tempo em que reflete sobre os limites entre fantasia e realidade." "1) Em janeiro de 2019, a L&PM Editores dá início ao lançamento, em formato de bolso, das principais obras infantis de Monteiro Lobato (1882-1948). Uma oportunidade ideal para novos leitores descobrirem as histórias do maior autor da literatura brasileira para crianças. 2) Lobato se celebrizou pela forma livre e extremamente criativa com que abordou o mundo e a imaginação infantil, criando personagens atraentes, que se tornaram clássicos da cultura brasileira, com os quais crianças (e adultos) se identificam. Quem lê Lobato na infância leva seu rico universo para a vida inteira. 3) De tanto viver em contato com a natureza e observá-la de perto, a turma do Sítio do Picapau Amarelo - mais especificamente a sapeca boneca Emília - resolve “reformar” a natureza para fazê-la de um jeito que julga mais proveitoso. Na primeira metade da história, Emília cria o “passarinho-ninho”, que carrega seus ovos num ninho às costas; põe torneiras no lugar dos úberes da vaca; e faz as borboletas ficarem mansas como besouros. Na segunda parte, em companhia do Visconde de Sabugosa, Emília resolve interferir na biologia e na fisiologia de certos seres, e cria novas criaturas, como a “noventaequatropeia” - uma centopeia com 94 patas. Além de todo o divertimento provocado pelas ideias da genial boneca, o livro fornece sábios ensinamentos de compreensão e respeito à natureza: ao final, Dona Benta volta e explica para a turma alguns princípios da evolução, desfazendo as trapalhadas de Emília. 4) O ponto de partida dessa história, publicada em 1941, é curioso: em meio a conflitos e guerras, reis, presidentes e tiranos da Europa mandam chamar Dona Benta, Tia Nastácia e os netos. Querem aprender como viver em paz, como acontece no Sítio do Picapau Amarelo. A turma viaja à Europa, e Emília se vê dona da propriedade - situação ideal para “reformar” a natureza em paz. 5) Esta edição mantém todo o sabor e a graça do texto original de Lobato; foi realizada apenas atualização ortográfica e adequações de pontuação, o que preserva a riqueza linguística e estilística do autor, que faz o deleite dos leitores. 6) Inclui um texto de contextualização da vida e da obra do autor que aborda as múltiplas facetas deste que foi não apenas escritor, mas também um importante editor e um defensor incansável das riquezas do seu país. 7) Com ilustrações p&b do premiado artista gráfico Gilmar Fraga. Para ilustrar os livros do autor, ele se inspirou em desenhos das edições clássicas de Lobato, mas modernizando os traços dos personagens e atribuindo-lhes características humorísticas. Técnica utilizada: bico de pena e nanquim. 8) Com o preço de capa de R$ 17,90, será a edição mais acessível no mercado brasileiro. 9) As histórias do Sítio do Picapau Amarelo foram adaptadas diversas vezes para o cinema e para a televisão, o que fez com que ganhassem um alcance enorme no Brasil. A última adaptação para a tevê foi feita pela Globo entre 2001 e 2007, e os episódios podem ser vistos no YouTube. Mesmo quem não conhece os livros se lembra das adaptações audiovisuais. 10) Por que ler Lobato hoje? Lobato não subestima seus leitores - pequenos ou grandes. Oferece uma mistura única de riqueza de vocabulário, saberes e prazer de ler. Seu estilo, que remete às contações orais de história, aproxima o leitor. Ele usa recursos moderníssimos de narração, e a visão de vida por trás de sua literatura privilegia a construção do saber: o conhecimento existe para ser vivido, repensado, subvertido e apropriado. A infância e a imaginação, para Lobato, não têm limites. "
Sobre os autores(as)
Pinheiro Machado, Ivan
Capa: Ivan Pinheiro Machado sobre a pintura “Retrato de Dante” (1495), Sandro Boticelli 47 x 57 cm, têmpera sobre madeira. Coleção particular, Genebra, Suiça. |
Monteiro, Lobato
"Monteiro Lobato nasceu em Taubaté (SP) em 18 de abril de 1882. Além de escritor, foi editor, tradutor e empresário. Seu maior sucesso foi a série de livros infantis que formam ""O Sítio do Pica Pau Amarelo"". Como editor criou a Editora Monteiro Lobato e, mais tarde, a Companhia Editora Nacional. Situa-se entre os autores do Pré-Modernismo, período que precedeu a Semana de Arte Moderna.Foi alfabetizado pela mãe, Olímpia Monteiro Lobato, e ainda muito jovem leu todos os livros infantis da biblioteca de seu avô, o Visconde de Tremembé. Seu nome era José Renato Monteiro Lobato, mas mudou-o para José Bento Monteiro Lobato porque queria usar uma bengala que era de seu falecido pai, José Bento Marcondes Lobato, e que por isso possuía as iniciais JBML gravadas. Formou-se em Direito na capital paulista em 1904 e, três anos depois, prestou um concurso na cidade de Areias, assumindo um cargo na Promotoria Pública. Em 1908, casou-se com Maria Pureza da Natividade e com ela teve quatro filhos: Marta, Edgar, Guilherme e Rute. O primeiro livro escrito por Monteiro Lobato foi Urupês, em 1918, onde aparece a figura do ""Jeca Tatu"", símbolo caipira brasileiro. Em 1921, publicou Narizinho Arrebitado, livro que fez tanto sucesso que levou o autor a seguir com as aventuras de seus personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo: Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Tia Anastácia, Visconde de Sabugosa, Marquês de Rabicó, Cuca, entre outros. Misturando realidade e fantasia e usando uma linguagem coloquial e acessível, ""o Sítio"" conquistou crianças de muitas gerações.Monteiro Lobato faleceu no dia 5 de julho de 1948 em decorrência de problemas cardíacos." |