Um dos mais importantes intelectuais nicaragüenses da atualidade e um dos líderes da revolução sandinista contra Anastasio Somoza na década de 1970, Sergio Ramírez foi testemunha privilegiada de uma utopia que se estendeu muito além das fronteiras de seu país. Uma revolução que despertou enormes esperanças e comovidas adesões. Mas o que restou do movimento após a triunfante entrada em Manágua que inflamou o continente americano? A revolução foi um fato histórico transcendente, que no momento do triunfo, em 1979, envolveu toda a nação e teve duas dimensões: a idealista, fundamentada em princípios éticos defendidos com ardor juvenil, e a de ação, que tratava da articulação de um aparato político e militar que serviria de alicerce para as transformações sociais sonhadas. Uma vitória que se repetiu recentemente, quando os sandinistas voltaram ao poder com Daniel Ortega, nas eleições de 2006. ADIÓS, MUCHACHOS é a memória dessa geração. De um grupo que lutou por seus ideais, e embora não tenham visto se cumprir todos os seus objetivos de justiça, riqueza e desenvolvimento, esses guerrilheiros sentem orgulho de retornar a democracia ao país num momento crítico, quando todas as ideologias pareciam extintas. Aqui, um de seus protagonistas centrais, Sergio Ramírez, faz uma análise da década sandinista, seus antecedentes, seu desenlace. Uma história bem sucedida e pragmática em um momento, mas imperfeita e trágica em outro. Escritor multifacetado — é ensaísta, poeta, narrador —, Ramírez não é menos plural em sua vida política: militante contra a ditadura somozista, vice-presidente de Ortega na esteira do sucesso revolucionário, crítico do regime e, finalmente, líder da dissidência sandinista, enfrentando os companheiros de toda uma vida. Com prefácio de Fernando Henrique Cardoso, ADIÓS, MUCHACHOS oferece uma abordagem crítica de algumas das passagens mais significativas da história latinoamericana recente.
Sobre o autor(a)
Nepomuceno, Eric
| Eric Nepomuceno é jornalista, tradutor e escritor. Traduziu obras de importantes autores latino-americanos, como Jorge Luis Borges, Julio Cortázar e Gabriel Garcia Marques. Por isso ganhou três Prêmios Jabuti. O quarto ganharia por seu trabalho investigativo sobre o massacre de Eldorado dos Carajás.No jornalismo, começou como revisor do jornal O Estado de S. Paulo, mas foi no Jornal da Tarde que se estabeleceu na profissão. Nepomuceno foi mandando como correspondente para Buenos Aires, onde seus artigos contra a ditadura brasileira na impressa local impossibilitaram sua volta. Começou a trabalhar então na revista Crisis, do escritor Eduardo Galeano.Pouco depois, a revista Veja contratou-o como correspondente internacional, de modo que Eric cobriu os principais acontecimentos políticos da América Latina de 1976 a 1983, quando voltou ao Brasil para trabalhar no Jornal da Globo. Abandonou o jornalismo diário em 1986 e, desde então, escreve apenas ocasionalmente para veículos diversos. Escreveu: Memórias de um setembro na praça, Quarenta dólares e outras histórias, Hemingway na Espanha, Coisas do mundo, A palavra nunca, Quarta-feira, O Massacre, Bangladesh, talvez e outras histórias. |