As Invasões Bárbaras Uma Genealogia Da História Da Arte

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Em sua origem, a palavra “bárbaro” é uma onomatopeia que designa aquele estrangeiro cujo idioma soaria como o resmungo de um “blá-blá-blá” ininteligível. Se essas pessoas de aparência exótica e de maneiras esdrúxulas nem falam direito, será que elas pensam? E, se o humano é o animal racional, seriam eles tão humanos quanto nós?
Há aí dois pressupostos: o de que os bárbaros são todos iguais (quiçá devêssemos dizer “o” bárbaro) e o de que a língua, os meios de expressão e os modos estariam em fiel paralelo com a alma, a mente ou a psique. Eles seriam, por assim dizer, sua parte visível. Adicionando a esse cenário a velha superstição ainda repetida pelo senso comum segundo a qual “a arte é o que melhor encarna o gênio de um povo”, isso significaria que as labirínticas relações de influência, interpenetração e sucessão de diversos estilos deveriam por sua vez refletir uma dinâmica de miscigenação dos povos não menos complexa. Com ares de psicologia das raças, a história da arte nasce, assim, sob o signo das invasões bárbaras: ao apoiar-se em algumas singularidades visíveis, ela associa objetos artísticos a povos, agrupando, nos museus, as produções das artes visuais segundo sua proveniência geográfica e o pertencimento “étnico” de seus criadores. Ainda hoje, no mercado mundial dos objetos de arte, a denominação étnica das obras – arte negra, afro-americana, latina, indígena etc. – confere a esses objetos de troca uma mais-valia significativa.
A genealogia de uma história da arte que é tanto artística quanto racial vive em simbiose com um racismo que é tão biológico quanto cultural. Ao situá-lo, historicizá-lo e perspectivá-lo, Éric Michaud mostra que o “branco” europeu – ele mesmo tomado como um todo monolítico quando ocupa a posição de “outro” – existe no âmago do uma cisão essencial: o espectro do ininteligível, do “xeno” irredutível, nunca pode ser plenamente exorcizado, e, por baixo das mais insuspeitas línguas civilizadas, como imperceptível e ensurdecedor ruído de fundo, ainda ressoa o “blá-blá-blá” da glosa bárbara.
Sobre o autor(a)

Michaud, Éric

Éric Michaud é professor da École des Hautes Études em Sciences Sociales (EHESS), em Paris. Foi professor convidado da Universidade Johns Hopkins, da Universidade Duke, da Universidade da Virgínia e da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, da Universidade de Montreal, no Canadá, e da Universidade Nacional de San Martín, na Argentina. Sua pesquisa trata principalmente das figuras do novo homem nos séculos XIX e XX, no cruzamento entre arte, política, propaganda e noção de raça. É autor, entre outros livros, de Un art de l’éternité: L’image et le temps du national-socialisme (1996) e de Histoire de l’art: Une discipline à ses frontières (2005).
ISBN 9788546905881
Autores Michaud, Éric (Autor) ; Taam, Flávio Magalhães (Tradutor)
Editora Wmf - Martins Fontes
Coleção/Serie Métodos
Idioma Português
Edição 1
Ano de edição 2024
Páginas 300
Acabamento Brochura
Dimensões 18,50 X 12,50
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