Carta Contra Carta [1953/1996]

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  Entre o poeta de Galáxias e o poeta de Código de Minas, Carta contra carta, troca de ideias, carta a carta, o fino diálogo, de carta para carta, em meio aos poemas, livros, artigos, traduções, intervenções.


  Do Brasil da década de 1950, podem aqui ser lembrados dois acontecimentos de natureza só aparentemente distinta — a construção de Brasília e a criação da bienal de arte de São Paulo (1951), cujo prédio, que data de 1954, também é de Niemeyer. Em paralelo ao desenvolvimentismo, dava-se intensa e múltipla discussão — política, histórica, cultural, artística. Para ficar no campo literário, no ano de 1956, ocorre a exposição nacional de arte concreta e Guimarães Rosa publica Grande Sertão: Veredas — e, de modo surpreendente, também Corpo de baile. Do mesmo ano, data ainda o nem sempre lembrado Contos do imigrante de Samuel Rawet. A enumeração de obras de suma importância nesse período pode ser extensa.


  E nesse contexto surgem algumas iniciativas e produções literárias que se associariam por meio de ampla discussão crítica. Aí se integra a correspondência desenvolvida entre Haroldo de Campos e Affonso Ávila, reunida neste livro. Ao longo de algumas décadas, trocaram cartas de natureza sobretudo argumentativa e estratégica — tinham projetos distintos, mas interrelacionados. Affonso, grande pesquisador do barroco, e Haroldo, o tradutor de Dante a Homero, discutiam suas diferentes poéticas, mas com a perspectiva crítica da situação em que produziam.


  A correspondência entre os dois começou em 1953 e durou até 1996, sendo especialmente frequente entre os anos de 1961 e 1968. Relacionada de modo estreito com a atividade intelectual dos dois, ela traz muitos dados e referências que ajudam a compreender as circunstâncias do trabalho de ambos e contribui para a história da produção literária do período. Assim, nela estão presentes de modo especial as revistas Invenção — do grupo concretista de São Paulo — e Tendência — do grupo mineiro. Mas nas cartas estão ainda referidos vários órgãos de imprensa que mantinham espaços culturais importantes, como o Jornal do Brasil, o Estado de S Paulo, o Correio da Manhã, bem como vários nomes de críticos e escritores que atuavam no período.


  As cartas tratam tanto de questões de natureza mais imediata, como a organização e publicação de periódicos, quanto de questões mais complexas, como as discussões teóricas, as análises críticas que mobilizavam os interlocutores. Material dessa natureza só pode ser sempre bem-vindo, pela contribuição que traz para ampliar o estudo de vários aspectos da produção literária. Este diálogo Haroldo de Campos / Affonso Ávila soma-se ao excepcional recém-publicado conjunto das cartas de Haroldo dirigidas a Inês Oseki-Depré. E é de esperar que as duas publicações instiguem o prosseguimento de iniciativas similares.


Sobre os autores(as)

Avila, Affonso

Affonso Ávila (1928-2012) além de poeta, foi ensaísta e crítico literário, especialista no barroco mineiro. Fundou nos anos 1950 a revistaTendência e no final dos anos 1960 a revista Barroco. Foi considerado um dos mais importantes poetas brasileiros contemporâneos. Teve participação ativa em importantes movimentos literários, foi criador do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais e de uma linha de pesquisas e ensaios cujo enfoque é o Barroco no Brasil, principalmente do Barroco mineiro. Foi organizador da Semana de Poesia de Vanguarda, um importante evento realizado em 1963, e vencedor de diversos prêmios, entre eles o Prêmio Jabuti, com O Visto e o Imaginado e também com Cantigas do Falso Alfonso El Sábio (Ateliê Editorial, Jabuti 2007). Publicou também pela Ateliê Editorial Égloga da Maçã.

De Campos, Haroldo

Haroldo Eurico Browne de Campos (São Paulo, 19 de agosto de 1929 — São Paulo, 16 de agosto de 2003 foi um poeta barroco e tradutor brasileiro.

Haroldo fez seus estudos secundários no Colégio São Bento, onde aprendeu os primeiros idiomas estrangeiros, como latim, inglês, espanhol e francês. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no final da década de 1940, lançando seu primeiro livro, O Auto do Possesso, em 1949, quando participava do Clube de Poesia, ao lado de Décio Pignatari.

Em 1952, Décio, Haroldo e seu irmão Augusto de Campos rompem com o Clube, por divergirem quanto ao conservadorismo predominante entre os poetas, conhecidos como "Geração de 45". Fundam, então, o grupo Noigandres, passando a publicar poemas na revista do grupo, de mesmo título. Nos anos seguintes, defendeu as teses que levariam os três a inaugurar, em 1956, o movimento concretista, ao qual se manteve fiel até o ano de 1963, quando inaugura um trajeto particular, centrando suas atenções no projeto do livro-poema "Galáxias".

Castañon Guimarães, Júlio

Nasceu em Juiz de Fora (1951) e vive no Rio de Janeiro. Seus livros de poesia foram reunidos em Poemas (Cosac Naify/7Letras, 2006), tendo publicado a seguir Do que ainda (Contracapa, 2009). Escreveu também estudos, como Por que ler Manuel Bandeira (Globo, 2008) e Entre reescritas e esboços (Topbooks, 2010). Traduziu As flores do mal, de Baudelaire (Penguin/Companhia das Letras, 2019, prêmio Paulo Rónai de tradução da Biblioteca Nacional), além de outros autores, como Mallarmé, Paul Valéry, Rimbaud, Roland Barthes e Francis Ponge.
ISBN 9786555192025
Autores Ávila, Affonso (Autor) ; De Campos, Haroldo (Autor) ; Castañon Guimarães, Júlio (Compilador)
Editora Iluminuras
Idioma Português
Edição 1
Ano de edição 2023
Páginas 272
Acabamento Brochura
Dimensões 22,50 X 15,50

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