Cicatriz De Marilyn Monroe, A

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O OLHAR DO FOTÓGRAFO,




O OLHAR DO POETA


  Nascida Norma Jeane, Marilyn Monroe tinha lampejos como: “Pri­meiro preciso convencer a mim mesma de que sou uma pessoa. Depois talvez me convença de que sou uma atriz”.


  É imediato associar tal inquie­tação à ironia de um Álvaro de Campos: “Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti e perdi-me”, ou à de um Bernardo Soares: “Sonhar é muito mais prá­tico que viver”.


  Fernando Pessoa é talvez quem esteja mais à mão, mas poderíamos pensar em vários outros poe­tas, artistas e pensadores com os quais Marilyn dialoga, de Nietzsche a Deleuze, todos empenhados em esta­be­lecer o limite entre norma e exceção, verdade e mentira – a vertiginosa perquirição da identidade em crise.


  Tal é o entrecho do poema dramático A cicatriz de Marilyn Mon­roe, longo monólogo em que Marilyn divide a cena com seu duplo, Norma (ou seria o contrário?), enquanto aguarda a chegada do fotógrafo da Vogue.


  Enquanto espera, Marilyn mergulha fundo em si mesma, disposta a se revelar por inteiro, e diz, brincalhona e fatal, ao fantasma do fo­tó­grafo: “Vamos ver se você segu­ra o tranco, se é bom de câ­ma­ra, / se a alma não sai pela boca quando eu ficar bem perto, / à queima-roupa, e abrir os olhos / para além da metáfora de florir”.


  Mirando-se no espelho, Norma reconhece: “Perdi a vida por amar o disfarce”. Mas imediatamente em seguida, na mesma frase, Marilyn retruca: “o artifício é o dom / dos que não se contentam com pouco e cavalgam alheios / no pelo lustroso da Ursa Maior”.


  Para retardar o instante da revelação, cada cena é antecedida do seu respectivo “plano” – voz neutra de um narrador que, à semelhança do coro na tragédia grega, convida o leitor a acompanhar de perto o drama do ser que sabe: a mentira não existe; mentir é só uma forma de dizer a verdade.


  Em suma, poesia da melhor qua­lidade, amorosamente extraída de um dos mitos do nosso tempo, essa fulgurante Marilyn Monroe/Nor­ma Jeane, que enquanto aguarda o fotógrafo da Vogue é flagrada pelo olhar inquieto do poeta Con­tador Borges.



Carlos Felipe Moisés


Sobre o autor(a)

Contador Borges, Luis Augusto

(Contador Borges) Possui graduação em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1981), mestrado em Filosofia (estética, filosofia moderna) pela Universidade de São Paulo (1998), doutorado em Filosofia (filosofia contemporânea) pela Universidade de São Paulo (2012), pós-doutorado em Letras (teoria literária) pela Université Paris-Diderot (Paris7) sob supervisão da professora Evelyne Grossman (2015) onde atuou como pesquisador científico participou do Centre d'Etudes et de Recherces Interdisciplinaires de I'UFR Lettres, Arts, Cinéma (CERILAC) e pós-doutorado em Letras (Linguística) pela Universidade de São Paulo (2018). Como escritor, tem publicado diversas obras em gêneros literários distintos: poesia, ensaio, teatro.
ISBN 9788573213720
Autor(a) Contador Borges, Luís Augusto (Autor)
Editora Iluminuras
Idioma Português
Edição 1
Ano de edição 2021
Páginas 96
Acabamento Brochura
Dimensões 19,00 X 14,00
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