O livro Da Horda ao Estado é um clássico do pensamento psicossociológico. Escrito nos finais do século XX, suas perguntas sobre porque os seres humanos podendo aspirar à paz e à liberdade acabamos criando sociedades quesegregam e favorecem a agressão e a destruição se mantêm vigentes neste sofrido (e sofrível) século XXI.Sua reedição no Brasil deve ser saudada!Ele será um instrumento fundamental para alimentar o pensamento insurgente, a dissidência criativa. É muito importante que esteja ao alcance das leituras das novas gerações. Porque não desistimos de criar um planeta mais solidário e fraterno, nem de inventar sociabilidades novas, que permitam que sejam reparadas as violências e as iniquidades!— Rosana Onocko-Campos, Médica, Psicanalista, livre-docência pelo Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Professora do Departamento de Saúde Coletiva da FCM/UNICAMP. Presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO. Eugène Enriquez, professor emérito do Departamento de Sociologia da Université de Paris-Cité, é um dos maisbrilhantes intelectuais franceses, na área das ciências humanas e sociais. Foi um dos criadores da Psicossociologiafrancesa e da Sociologia Clínica. Nestes campos disciplinares, um vasto número de professores e pesquisadores brasileiros — sociólogos, psicólogos, administradores — cursaram o doutorado sob sua orientação. Grandeparte de seus livros, capítulos de livros e artigos científicos, revelando fecunda erudição e engenhosa formaçãointerdisciplinar, já foi traduzida em português, sendo amplamente difundida no meio universitário e para além dele.Enriquez foi pioneiro, ao criar uma ponte teórica entre sociologia e psicanálise, numa interlocução comoutros saberes: antropologia, história, filosofia, economia, ciências políticas. Ele investiga os processos inconscientes que permeiam as organizações, instituições, grupos e comunidades. Sua originalidade aborda ainda o fenômeno do poder, ligado a aspectos coletivos da violência, da intolerância política e religiosa, da ameaça aos Estados democráticos. Se Da Horda ao Estado, há quarenta anos, surpreendeu o pensamento psicossociológico e psicanalítico, ele ainda guarda todo o sabor de atualidade, frente aos problemas que atormentam as sociedades contemporâneas.— José Newton Garcia de Araújo, Psicólogo, doutorado em Psicologia pela Université de Paris VII, pós-doutorado no Centre de Recherche Sens, Éthique et Société, CNRS/Université Paris-Descartes. Professor aposentado da UFMG eatualmente professor da PUC Minas. SumárioApresentação da Segunda Edição, Marilene de Castilho SáPrefácio Apresentação da Primeira Edição PARTE I: FREUD E O VÍNCULO SOCIALCapítulo I. TOTEM E TABU O advento do social 1. O retorno do totemismo na infância2. O desejo de incesto3. O tabu e a ambivalência dos sentimentos4. O animismo, a magia e a onipotência do pensamento5. A ordem culturalCapítulo II. PSICOLOGIA DAS MASSAS E ANÁLISE DO EGO: AS METAMORFOSES DA FUNÇÃO SOCIAL1. A psicologia individual e a psicologia social2. A natureza da massa e da organização3. A identificaçãoCapítulo III. O FUTURO DE UMA ILUSÃOA civilização e a ilusão necessária1. O projeto2. Cultura e civilização3. A ilusão4. A ciência e a ilusão religiosaCapítulo IV. O MAL ESTAR NA CIVILIZAÇÃO Da ilusão necessária à culpa estruturante e à destruição como horizonte da civilização1. Felicidade, civilização e recalque2. A mulher e o amor3. A pulsão de destruição4. O sentimento de culpa5. O triunfo da pulsão de morteCapítulo V. MOISÉS E O MONOTEÍSMOO salvador assassinado paradigma da civilização ocidental1. O grande homem2. O período de latência3. A renúncia aos instintos e o progresso na espiritualidade4. As razões do antissemitismoCapítulo VI. A GUERRA E A MORTEO Estado como imagem da guerra total1. Considerações sobre a guerra2. Nossa atitude para com a morte3. Por que a guerra?4. A Guerra, a morte e o EstadoCapítulo VII. O VÍNCULO SOCIALDa luta contra o caos e o homicídio à separação e à dominação1. Nossa perspectiva2. A experiência vivida3. Da classificação à dominaçãoPARTE II: O VÍNCULO SOCIAL, DOMINAÇÃO E PODERA. DA ORDEM DOS SEXOS À ORDEM COSMOLÓGICACapítulo I. A ORDEM DOS SEXOSA relação homens/mulheres, primeira forma de dominação1. A mulher, o gozo e a morte2. As expressões da mulher perigosa3. A transformação do nefasto em FaustoCapítulo II. A ORDEM DAS GERAÇÕES A relação adultos/jovens1. A relação pai/filho2. O significado dos ritos de iniciação3. Pais e filhos na sociedade modernaCapítulo III. A ORDEM NATURAL E A ORDEM CULTURALRelação com a natureza: participação e exploração1. A relação com o mundo e a construção da comunidade2. Implicação pessoal e relação com a naturezaCapítulo IV. A ORDEM COSMOLÓGICAA relação profano/sagrado1. A relação limpeza/impureza2. Interdição e transgressão3. Religiões da imanência, religiões da transcendênciaB. O PODER NAS SOCIEDADES MODERNASCapítulo I. O MUNDO DA ECONOMIA E O MUNDO DO ESTADOA invenção de novos sagrados1. Cristianismo e capitalismo2. A liberdade e a igualdade3. O mundo profano e o novo sagrado; o Estado4. A marcha da racionalidade e a generalização do fetichismoCapítulo II. PODER E ESTADO MODERNO1. Os tipos de regime político2. Os modos de controle socialCapítulo III. PODER, MORTE E AMORO sexual e a morte à sombra do poder1. O poder e a morte2. Poder e amorCapítulo IV. O ANTISSEMITISMO NAZISTAA negação do vínculo social1. Considerações gerais sobre o Estado e o judaísmo2. Algumas observações sobre o Estado alemão3. Os judeus e os alemães4. O estado nazista5. A destruição dos judeus como paradigma da sociedade modernaCONCLUSÃOÍNDICE ONOMÁSTICO
Sobre o autor(a)
Enriquez, Eugène
EUGÈNE ENRIQUEZ é professor de sociologia na Universidade de Paris VII. Foi presidente do comitê de pesquisas de sociologia clínica da Associação Internacional de Sociologia. Escreveu os livros: De la horde à l’État (Gallimard, 2003), traduzido no Brasil pela Jorge Zahar, em 1999; As figuras do poder (Via Letteras, 2007); Le goût de l’altérité (Desclée de Brouwer, 1999); La face obscure des démocraties modernes (com Cl. Haroche, ERES, 2002) e Clinique du pouvoir (ERES, 2007). |