Neste que é um dos livros de filosofia política mais relevantes escritos no Brasil, Sueli Carneiro oferece uma interpretação contundente do racismo e uma defesa de seu enfrentamento sempre pelo coletivo, onde o cuidado de si e o cuidado do outro se fundem na busca da emancipação.
Quase duas décadas após ter sido defendida na Faculdade de Educação da USP, a tese de doutorado de Sueli Carneiro chega na forma de livro com grande atualidade. Nele, a autora aplica os conceitos de dispositivo e de biopoder de Michel Foucault ao domínio das relações raciais, forjando o que chama de dispositivo de racialidade — que produz uma dualidade entre positivo e negativo, tendo na cor da pele o fator de identificação do normal, representado pela brancura.
Especulando com Foucault e amparada na teoria do contrato racial do afro-jamaicano Charles Mills, ela demonstra como este dispositivo se constitui em um contrato que não é firmado entre todos, e sim entre brancos, e funda-se na cumplicidade em relação à subordinação social e na eliminação de pessoas negras. Ele também se efetiva pelo epistemicídio, cujo objetivo é inferiorizar o negro intelectualmente e anulá-lo como sujeito de conhecimento.
Contudo, todo dispositivo de poder produz a sua própria resistência, e é nesse contexto que a filósofa traz à obra a voz de quatro insurgentes. Seus testemunhos revelam que é da força da autoestima, da conquista da memória e da ação conjunta que se extrai a seiva da resistência.
Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), é filósofa, educadora, escritora e uma das principais autoras do feminismo negro no país. Foi uma das ativistas do movimento negro responsável pela inclusão de mulheres negras no Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo, na época de sua fundação, em 1983, quando teve início seu engajamento com o feminismo. Em 1988 fundou Geledés – Instituto da Mulher Negra, primeira organização negra e feminista de São Paulo, da qual é diretora. Foi integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, no fim da década de 1980. É autora de livros como Mulher negra: política governamental e a mulher (1985), com Thereza Santos Albertina de Oliveira Costa; e Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil (2011) Em 2003, recebeu o Prêmio Bertha Lutz, concedido pelo Senado Federal. |
Yara Frateschi é professora de ética e filosofia política no departamento de filosofia da Universidade Estadual de Campinas (unicamp). É bacharel e mestre em filosofia pela Universidade de São Paulo (usp). Tendo realizado parte de seu doutoramento na Columbia University (Nova York, eua), obteve também o título de doutora pela usp. Publicou diversos artigos sobre Thomas Hobbes em coletâneas e revistas especializadas. É membro da Sociedade Brasileira de Direito Público. |
ISBN | 9786559790968 |
Autores | Carneiro, Sueli (Autor) ; Randow, Elisa Von (Design) ; Frateschi, Yara (Posfácio) |
Editora | Jorge Zahar Editor |
Idioma | Português |
Edição | 1 |
Ano de edição | 2023 |
Páginas | 432 |
Acabamento | Brochura |
Dimensões | 23,00 X 16,00 |
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