" Unindo o talento narrativo de um bom contador de histórias a uma trama clássica, de amor e família, Entre facas, algodão apresenta um romance com a marca do talento narrativo de João Almino. ""Se é verdade que toda grande cidade só se torna adulta quando tem romancistas que a representam, a jovem Brasília está madura: com obras como Cidade livre, O livro das emoções e Enigmas da primavera, João Almino vem construindo um painel romanesco contemporâneo que colocou a capital do país no mapa da prosa literária brasileira. Não é uma Brasília de terno e gravata, ou a Brasília oficial e gelada do poder político. O talento narrativo de João Almino tem sempre uma forte raiz popular, que une o estro do bom contador de histórias com o pano de fundo de uma cidade cuja essência ainda é, de fato, o Brasil inteiro.Neste Entre facas, algodão, acompanhamos o diário de um homem que, aos 70 anos, se separa da mulher, sai de Taguatinga e volta à sua infância geográfica e mental. Ainda criança, viu o seu pai ser assassinado (“sangue, muito sangue”), e sente vazios da memória e do afeto que ele precisa recompor para dar um sentido renovado à sua vida. Vivendo só, longe de seus três filhos, compra a fazenda do Riacho Negro, o teatro de sua formação, e mergulha na missão sempre tentada e sempre impossível de recuperar o tempo que se perdeu.No projeto tardio, há o sopro e o motor insidiosos da vingança. A modernidade instantânea de quem usa WhatsApp e se sente à vontade no computador é vivida lado a lado com a sombra pesada de um universo arcaico e aterrador: é preciso vingar o pai, este mote inescapável da cultura atávica da violência.Ao mesmo tempo, trata-se de uma história clássica de amor e família, de sentimentos fraturados. Este fundo emocional, temperado pela linguagem direta, pelo poder literário da oralidade, recriada com uma tranquila nitidez, dá ao romance de João Almino a sua marca estilística, de intensa leveza narrativa – a dádiva do texto que, pela empatia, nos prende da primeira à última página."" - Cristovão Tezza “Além da aposentadoria, vou viver de plantar milho, feijão e até algodão – ideia absurda, sei, não precisam me dizer. Mas tem uma razão afetiva: recorda minha infância. Disso ainda vou falar, sem contar tudo. Na verdade, em vez da frase anterior, havia escrito aqui algumas linhas que resolvi riscar. Se encontrar o jeito certo de dizer, pode ser que as recupere numa possível revisão. (...)Olhando as chapadas pela janela do avião – será a Mantiqueira? –, deixo aparecer outro ser que vivia dentro de mim, outro de mim contra quem sempre lutei. Ser triste, de tristeza terna e contente, que se relaxa na sua própria natureza. Que talvez queira encontrar futuro no passado, tenho de admitir. A gente não tem controle sobre o que se lembra. E o que se lembra pode insistir em nunca ir embora, até acorda a gente de madrugada. Pode estar pra cá ou pra lá do que aconteceu.”" João Almino nasceu em Mossoró, RN. Diplomata e um dos nomes mais importantes da literatura nacional atualmente, tem sido aclamado pela crítica por seus romances Ideias para onde passar o fim do mundo (Prêmio do Instituto Nacional do Livro), Samba-enredo, As cinco estações do amor (Prêmio Casa de las Américas), O livro das emoções, Cidade livre (Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon), Enigmas da primavera e Entre facas, algodão. Seus romances foram publicados na Argentina, Espanha, EUA, França, Holanda, Itália e México, entre outros países. Seus escritos de história e filosofia política são referência para os estudiosos do autoritarismo e da democracia. Em 2017, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
| ISBN | 9788501109231 |
| Autor(a) | Almino, João (Autor) |
| Editora | Record |
| Idioma | Português |
| Edição | 1 |
| Ano de edição | 2017 |
| Páginas | 192 |
| Acabamento | Brochura |
| Dimensões | 21,00 X 14,00 |