Vencedor em 1º lugar
Prêmio literário Paulo Rónai (Tradução) da Biblioteca Nacional
traduzido por Roberto Zular e Álvaro Faleiros
Edição bilíngue (Português/francês)
Poucos autores foram tão lidos, comentados e traduzidos ao longo dos últimos cem anos quanto Paul Valéry. Contudo, só agora chega ao Brasil uma tradução completa dos seus Feitiços. Trata-se de uma obra que, após a experiência radical de A jovem parca, flutua entre diversas possibilidades poéticas que produziriam obras-primas como “O cemitério marinho”, um dos mais famosos poemas do século XX, e outros tantos como “Esboço de serpente”, “A Pítia”, “Fragmentos do Narciso”, “Os passos”.
Muitos desses poemas já haviam sido traduzidos isoladamente, mas a visão de conjunto permite sopesar o alcance da estratégia antimoderna de Valéry. Ao resgatar o artesanato do verso, ele buscava também abarcar outros modos de vida esquecidos pela tábula rasa da modernidade: a relação com a natureza, a vida dos seres míticos, o modo de existência da linguagem, a hesitação prolongada entre o som e o sentido que fecundam outros modos de sensibilidade e outras maneiras de habitar o tempo.
Claro que ao longo dos poemas, será impossível o leitor não perceber o quanto a poesia de Valéry reverbera e ressignifica a fineza de sua prosa, que ocupa parte importante do seu legado. Mas é interessante notar que Valéry é desde o início poeta, sim, um poeta que levou tão a fundo as questões do seu ofício que tocou em uma infinidade de outras questões: da guerra à cosmologia, da linguagem à política, da vida sensível ao pensamento abstrato. Tudo entra em ressonância quando levamos ao limite a potência dos nossos atos.
Mesmo para aqueles que ainda guardam a imagem de um Valéry intelectual, será interessante passear pelo ritmo dos afetos e das sensações que fluem como o mar entre o imaginário mediterrâneo e um forte de diálogo com séculos de poesia europeia. Recolhe-se aqui um savoir-vivre das variações do espírito quando este, longe de uma pureza abstrata, se coloca entre o corpo e o mundo.
Para os tradutores, aqui reverbera também uma larga tradição poética brasileira que tem entre os seus precursores figuras do porte de Drummond, João Cabral e Augusto de Campos, entre tantos outros notáveis valerianos. É no diálogo com eles que esses poemas vieram até nós, como uma experiência viva que habita a raiz da palavra “feitiço”: como um fazer, uma prática, uma técnica, mas que é atravessada pelo encanto, pelo canto, pela magia, pela capacidade de animar o mundo com outras infinitas camadas de existência.
Paul Valéry, poeta, ensaísta, crítico de arte, pensador, nasceu em Sète, na França, em 1871, e morreu em 20 de julho de 1945, em Paris. Fez seus estudos em Montpellier, onde se formou em Direito. Instalou-se em Paris em 1894, onde viveu um longo período de silêncio poético até que, em 1917, sob influência de André Gide, volta a escrever e publica o poema “A jovem parca”, que o tornou imediatamente célebre. A este logo seguiram “O cemitério marinho” (1920) e “Charmes” (1922), que o consagraram como um dos grandes poetas franceses. Profundamente marcado por Stéphane Mallarmé, assume a reflexão sobre a linguagem, a forma, o sentido e a inspiração poéticas como meio de conhecimento do mundo. Sua obra está nitidamente marcada pela elaboração de uma poética do pensamento, que pode ser acompanhada ao longo de seus Cadernos [Cahiers], escritos entre 1894 e a sua morte em 1945. Depois da Primeira Guerra Mundial, já muito célebre, Valéry faz inúmeras viagens e assume diferentes funções dentre as quais a de membro da Academia Francesa em 1925 e professor de poética no Collège de France. Paul Valéry influenciou várias gerações de artistas, poetas e filósofos, como Rainer Maria Rilke, T. S. Eliot e James Joyce. Suas reflexões sobre o mundo contemporâneo, a crise do espírito e a relação entre filosofia, ciência e técnica marcaram vários pensadores contemporâneos como Jacques Derrida. Seus escritos sobre a relação entre arte e pensamento foram decisivos para Maurice Merleau-Ponty e para a elaboração de inúmeras propostas dos ciclos Artepensamento organizados no Brasil pelo filósofo Adauto Novaes. |
ISBN | 9786555190625 |
Autor(a) | Valery, Paul (Autor) |
Editora | Iluminuras |
Idioma | Português |
Edição | 1 |
Ano de edição | 2020 |
Páginas | 244 |
Acabamento | Brochura |
Dimensões | 23,00 X 16,00 |
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