Gabinete de Curiosidades é o título do poema que abre e nomeia este livro. Os tais gabinetes, ou “Câmaras de Maravilhas”, surgiram na Europa nos séculos XVI e XVII. Eram locais em que coleções de objetos curiosos ou raros eram agrupadas e expostas. Eram mantidos por reis, príncipes, nobres, burgueses mais abastados e artistas.Poesia é bom de se ler, mas é muito melhor de se ouvir. Quando Max, personagem de outra obra do autor, conversava com dois demônios travestidos de gente, alguns dias após a obra ser lançada sem sucesso numa livraria siberiana, foi esse o conselho que escutou. Mas já era tarde. E tudo virou prosa. Mas há sempre a possibilidade maravilhosa de se procurar a poesia escondida dentro da prosa. E é tão fácil encontrar! Gabinete de curiosidades tem um pouco disso. Por lidar com ossadas antigas, caroços secos de frutas paleolíticas, aves de rapina empalhadas e outros objetos exóticos – como amor, raiva, saudade ou arrependimento –, os sentimentos mais íntimos do autor, a dor que sai de certos poemas é, por vezes, constrangedora.E qual a razão de tamanho sofrimento? Por que tantas queixas sobre si próprio e o mundo? Seria mentira? Um puro exercício da invenção? E os seus repentes de amor? Haveria tanto espaço neste planeta confuso para alguém ainda se atrever a simplesmente amar? Não obstante, o autor reconhece que é possível ler poemas num vagão de trem e, mesmo com o barulho e o sacolejar, ainda assim, o leitor pode se apaixonar. E ele até reconhece como possível ler-se a prosa de Borges e chorar. Prosa, poesia, poesia, prosa, cheiro de rosa no ar, mergulhar, mar... Gabinete de curiosidades traz poesias doces e, ao mesmo tempo, poemas ácidos, exóticos e mais difíceis de gostar.
Sobre o autor(a)
Schwartsmann, Gilberto
Oncologista, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), membro da Academia Nacional de Medicina e da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina. Preside a Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. É patrono do Instituto Zoravia Bettiol. É membro do Conselho da Fundação Iberê Camargo. É Cidadão Honorário das cidades de Porto Alegre, Canoas, Barra do Ribeiro e Nova Petrópolis. Recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. No ano de 2018, recebeu o Prêmio Eva Sopher de Destaque Cultural da Fundação Theatro São Pedro e o Prêmio Açorianos de Cultura da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. |