Cabeças da Periferia revela, através de entrevistas, o universo e as ideias de artistas-ativistas, e como seus projetos e ações reinventam os territórios. Em Jessé Andarilho, a escrita, a cultura e o território, somos apresentados a esse escritor e ativista, dono de uma lábia envolvente, que nos narra sua infância e adolescência no conjunto habitacional de Antares, no bairro de Santa Cruz, Rio de Janeiro, a relação conflituosa com a escola, o universo da pichação, as rodas de rima e a leitura como ferramenta de transformação. As ideias de Jessé a respeito de cidade e sociedade esclarecem e surpreendem. Contador de histórias nato, ao destrinchar a Zona Oeste da cidade, território de boa parte de suas histórias, ele apresenta uma leitura original e cheia de camadas da nossa sociedade, despertando a curiosidade do leitor e fazendo com que saia de sua zona de conforto e pense fora da caixa. Jessé teve sua vida transformada pela literatura. É através dela que provoca pequenas revoluções. Em seus livros, Jessé fala de personagens comuns e suas vidas incomuns, desvelando a potência de sua escrita.Nesta conversa com Jessé Andarilho, participaram os comentadores convidados Julio Ludemir, fundador da Flup, e Rôssi Alves, acadêmica e pesquisadora de manifestações artísticas urbanas, e a editora Isabel Diegues.“As pessoas costumam dizer pra mim: ‘Caraca, Jesse´, você saiu de Antares pro mundo.’ E eu costumo dizer de volta: ‘Cara, Antares faz parte do mundo.’ Por que eu vou valorizar mais Paris do que Antares, do que Paciência, do que o Cesarão? Por que eu vou contar história de Copacabana e Ipanema, se eu posso contar de Antares?” - Jessé Andarilho
Sobre o autor(a)
Faustini, Marcus
Marcus Faustini é carioca, cria do Cesarão, em Santa Cruz, Rio de Janeiro. Sua sede por cultura motivou, desde cedo, seus constantes trânsitos e deslocamentos pela cidade do Rio de Janeiro, que resultaram no livro Guia afetivo da periferia (Aeroplano, 2009), em que narra suas memórias de juventude na periferia carioca. Bacharel em Teatro pela CAL, Faustini é também cineasta e criador da Agência de Redes para a Juventude, uma metodologia que desenvolve lideranças jovens de periferias do Rio e da Inglaterra com o objetivo de criarem projetos que impactem seus territórios. Com a coleção Cabeças da Periferia, Faustini se debruça sobre a produção de artistas-ativistas vindos de periferia e favela, e busca debater com eles suas criações, seu universo e seus territórios de atuação. |