Lição de coisas retorna ao catálogo da Editora José Olympio em edição especial, com novo projeto gráfico, nova fixação de texto e conteúdo extra. Se o gosto de Drummond pela experimentação já se notava em poemas como “No meio do caminho”, de Alguma poesia, seu livro de estreia, neste Lição de coisas esse fazer se intensifica. A partir de provocações colocadas pelo concretismo, o poeta itabirano aqui se abre para explorar de maneira mais intensa forma e conteúdo – em especial, o conteúdo visual e sonoro –, “sem entretanto aderir a qualquer receita poética vigente”, como mineiramente se sublinha na nota da primeira edição.As nove partes que compõem Lição de coisas – “Origem”, “Memória”, “Ato”, “Lavra”, “Companhia”, “Cidade”, “Ser”, “Mundo” e “Palavra” – representam os fundamentos da poética drummondiana: a terra, a família, as lembranças, os afetos, as amizades, as admirações, a consciência dos problemas do homem e dos perigos do mundo. Os poemas que aqui se encontram são dos mais conhecidos de Drummond: “O padre, a moça”, levado para o cinema pelo diretor Joaquim Pedro de Andrade, e “Para sempre”, belo canto de louvor às mães que circula nas redes sociais sempre que se quer homenageá-las.Esta nova edição reúne também uma dedicatória do poeta para a esposa, Dolores, e outra para a filha, Maria Julieta, e sua família; a crônica “Livros novos”, que Drummond publicou no jornal Correio da Manhã; e quatro poemas (“A música barata”, “Cerâmica”, “Descoberta” e “Intimação”), constantes, como inéditos, na Antologia poética do autor, publicada em 1962, e incluídos no Lição de coisas a partir da segunda edição, lançada em 1965.Com esta edição, convidamos leitores e leitoras a desfrutar poemas que, para além da experimentação, compreendem temas caros a nosso querido poeta, como a memória, o humor e a mineração de si mesmo e do outro. Percebe-se assim que, para além de qualquer observação sobre a técnica de seus textos, o que encontramos é muitas vezes a humanidade mais singela. Sua expressão poética simples, porém sempre coesa, ainda nos espanta pela ternura. Esta lição, talvez por isso, fica e permanece. São poemas que, como pequenas joias, tornam-se cada vez mais valiosos “na correnteza esperta do tempo”. “Drummond é antes de mais nada um maker, um ‘inventor’” – Haroldo de Campos Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 1902. Poeta, contista e cronista, foi autor, entre outros, de Alguma poesia, Brejo das almas, Sentimento do mundo, Claro enigma, Fazendeiro do ar e Fala, amendoeira. É considerado um dos maiores nomes da poesia em língua portuguesa do século XX. Morreu no Rio de Janeiro, em 1987, aos 84 anos.
Sobre o autor(a)
Andrade, Carlos Drummond De
Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um poeta, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX. Drummond foi um dos principais poetas da segunda geração do Modernismo brasileiro. |