Contundente e controverso, este romance autobiográfico causou furor por onde passou. Uma mulher tem o rosto desfigurado depois de ser atacada com ácido pelo marido. Ao seu lado está o filho, que a partir de então a acompanhará no lento processo de reconstrução de sua identidade.Baseado em catastróficos episódios reais, vividos pelo autor e por seus pais na Argentina dos anos 1960, O deserto e sua semente é um romance assombroso e comovente. No centro da tragédia está Eligia, que sofre um ataque brutal. Quando estão prestes a oficializar o divórcio, o marido, Arón, com quem fora casada por vinte e oito anos, arremessa contra o rosto da mulher uma jarra de ácido sulfúrico. No dia seguinte, o homem se suicida com um tiro na cabeça no apartamento onde vivia.“Que nos oculta a pele?”, indaga o médico responsável pela tentativa de reconstruir o rosto de Eligia. A certa altura, ele propõe que se plante a semente no deserto, para que se comece algo do zero. Enquanto o narrador, o filho do casal, Mario, vaga de hospital em hospital, primeiro na cidade de Buenos Aires e mais tarde em Milão, em busca da reconstrução física de sua mãe, somos arremessados numa narrativa maior de desintegração, tanto pessoal quanto social.Depois de ser rejeitado por diversas editoras, O deserto e sua semente foi publicado em 1998, numa edição custeada pelo autor. “O livro foi bem recebido, sim. Mas lido numa chave muito autobiográfica, e o sofrimento não legitima a literatura. O que legitima a literatura é o texto”, declarou Jorge Baron Biza numa entrevista, em 1999. Três anos depois da publicação, tendo recebido uma avalanche de boas críticas pela obra, o autor se suicidou, lançando-se do 12o andar de um prédio — o mesmo no qual seu pai havia se matado. Um romance que expõe a dor e o horror a ponto de parecer anular o sentido humano dos acontecimentos. Uma obra-prima sinistra e absolutamente única.“Um romance desprovido de sentimentalismo e, ao mesmo tempo, dotado de uma sensibilidade extrema.” — Mercedes Cebrián“Jorge Baron Biza escreveu o livro que estava condenado a escrever — um romance, e não uma autobiografia: não testemunhamos os fatos nus, mas o desejo de contar uma história que se recusa a ser contada.” — Alejandro Zambra“Sensacional, excepcional.” — Alan Pauls“Uma obra-prima cult.” — Enrique Vila-Matas
Sobre os autores(as)
Molina, Sergio
Sérgio Molina nasceu em Buenos Aires em 1964, mas vive no Brasil desde os dez anos de idade. Estudou Ciências Sociais, Letras, Editoração e Jornalismo na USP. Em 1986, iniciou carreira de tradutor do espanhol e traduziu para o português mais de sessenta livros, de autores como Jorge Luis Borges, Max Aub, Ricardo Piglia, Antonio Muñoz Molina, Roberto Arlt, Mario Vargas Llosa, Tomás Eloy Martínez, Antonio Muñoz Molina, César Aira e Javier Cercas. Em 2006, passou a desenvolver paralelamente a atividade de editor. |
Biza, Jorge Baron
JORGE BARON BIZA nasceu em Buenos Aires, em 1942. O deserto e sua semente, único romance que escreveu, foi publicado em 1998 numa edição paga pelo próprio autor, três anos antes de suicidar-se, em setembro de 2001, na cidade de Córdoba. Por dentro todo está permitido, uma compilação de seus textos jornalísticos, saiu em 2010. |