Publicado pela primeira vez em 1925, entre os lançamentos de O quarto de Jacob e Mrs. Dalloway , O leitor comum reúne uma seleção de ensaios de Virginia Woolf – a maior parte originalmente publicada em veículos como o Times Literary Supplement, Dial, Vogue e The Yale Review. Coletados durante mais de 20 anos de atividade crítica, estes ensaios partem da figura do “leitor comum” (tomada emprestada incialmente de Samuel Johnson) em contraponto aos saberes da academia, dos quais Woolf, enquanto mulher no século XX, fora privada.
A partir da análise da produção escrita de Geoffrey Chaucer, Montaigne, Jane Austen, George Eliot, entre outros, passando por análises sobre a historiografia da literatura inglesa até chegar aos contemporâneos, o que temos em O leitor comum é o resultado do primeiro passo que Woolf deu em direção a sua independência financeira – e que se tornaria um marco em sua carreira como escritora.
A obra, agora em nova tradução para o português de Marcelo Pen e Ana Carolina Mesquita, traz notas de fim de Andrew McNeillie, editor dos ensaios completos de Woolf, notas dos próprios tradutores, além de prefácio de Marcelo Pen.
“Há uma frase em “A vida de Gray” do dr. Johnson que bem poderia estar escrita em todas as salas humildes demais para serem chamadas de bibliotecas, apesar de repletas de livros, onde gente anônima se lança à leitura: ‘… sinto regozijo em identificar-me com o leitor comum […]’. O leitor comum, como sugere o dr. Johnson, difere do crítico e do acadêmico. Não é tão educado, e a natureza não lhe foi pródiga em talentos. Lê por prazer e não para destilar conhecimento ou corrigir a opinião alheia. É guiado acima de tudo pelo instinto de criar sozinho, a partir das miudezas incongruentes que lhe aparecem, alguma espécie de todo: o perfil de um homem, o esboço de uma época, uma teoria da arte da escrita. Jamais cessa de, à medida que lê, fabricar uma trama frouxa e flácida que lhe dê a satisfação temporária de ser próxima o bastante do objeto original para suscitar afeto, riso e discussão. Apressado, impreciso e superficial, agarrando aqui este poema, acolá aquela farpa de móvel velho, sem dar a mínima para onde os encontra ou qual a sua natureza, desde que sirvam para dar contorno à sua estrutura, suas deficiências como crítico são óbvias demais para mencionar; mas, se ele possui, como sustentava o dr. Johnson, certa voz na distribuição final das honras poéticas, então talvez valha a pena registrar algumas ideias e opiniões que, mesmo insignificantes, contribuem para tão imponente resultado.”
Virginia Woolf (1882-1941) é uma das escritoras mais importantes do século XX e um dos nomes mais relevantes do Modernismo. Para além de Mrs. Dalloway (1925), seu romance mais popular, a autora britânica também escreveu contos, textos autobiográficos, ensaios e histórias infantis. Conhecida por um estilo ímpar, Woolf encontrou uma linguagem para representar a consciência de suas personagens, perscrutando sua interioridade. A escritora participou ativamente dos debates de seu tempo, tanto literários como sociais, realizando palestras, escrevendo artigos e fazendo parte do famoso grupo de Bloomsbury. Ao lado de seu marido, Leonard Woolf também fundou a editora Hogarth Press. |
ISBN | 9786555680744 |
Autores | Woolf, Virginia (Autor) ; Pen, Marcelo (Prefácio, Tradutor) ; Mesquita, Ana Carolina (Tradutor) ; Mcneillie, Andrew (Nota) |
Editora | Tordesilhas |
Idioma | Português |
Edição | 1 |
Ano de edição | 2023 |
Páginas | 288 |
Acabamento | Brochura |
Dimensões | 23,00 X 16,00 |
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