Passagem De Walter Benjamin

Código: 490259 Marca:
Ops! Esse produto encontra-se indisponível.
Deixe seu e-mail que avisaremos quando chegar.

  Pierre Missac não apenas conheceu — por intermédio de Georges Bataille — Walter Benjamin na Paris dos fatídicos anos finais da década de trinta, mas também, assim como outros dois eminentes amigos de Benjamin, Gershom Scholem e Theodor Adorno, dedicou-se no pós-guerra à tarefa urgente de publicar as obras daquele genial filósofo, crítico e ensaísta. Além de auxiliar da publicação das suas Obras completas ele também redigiu ensaios sobre o seu amigo e um único livro — publicação póstuma que faz parte do seleto círculo das melhores obras que já foram dedicadas ao pensamento de Benjamin.


  Esta obra tem como uma das suas grandes qualidades o equilíbrio delicado entre o rigor filológico e a tendência para o ensaio guiado pela livre-associação.
Reconhece-se tradicionalmente em Missac a capacidade de levar os seus leitores ao cerne das principais questões que a obra de Benjamin encerra. Como não poderia deixar de ser, a filosofia da história, a saber, a tentativa benjaminiana de descrever uma nova forma da temporalidade que seria mais adequada ao mundo da Modernidade, constitui o leitmotiv do presente ensaio.


  Ele é desdobrado com maestria em outros subtemas. Missac faz com que o leitor descubra essa filosofia da história em todo o corpus benjaminiano; assim, a própria escrita de Benjamin expressaria a tentativa de fundar uma nova temporalidade vinculada ao ato de expressão, na qual o presente, ou seja, o efêmero agora, tem um peso que poucos autores tinham lhe atribuído até então.


  Essa escrita que incorpora o agora como seu princípio estruturador é uma escrita que se apresenta na forma do aforismo, de fragmentos, de ruínas. Mais ainda: Benjamin, como Missac demonstra, através do gestus da sua escrita do desastre, deixa para trás toda uma tradição da filosofia e da historiografia fundada no registro da mímesis e da representação. Em vez da crença na divisão estanque entre o passado (que deveria ser documentado) e um presente puro, marcado pela atividade de um indivíduo totalmente presente a si mesmo, Benjamin explode tanto a noção de linearidade temporal como também o modo de escrita tradicional que estava ligado umbilicalmente a esse modelo.


  Missac foi o primeiro a notar com profundidade a enorme dívida dessa escrita de Benjamin para com o cinema. Ele afirma de modo ao mesmo tempo ousado e correto: o cinema é a realização performática da dialética. Essa arte é a arte por excelência da fragmentação, do corte, da interrupção, da reviravolta — em uma palavra: da catástrofe.


  Pierre Missac tem credenciais mais do que suficientes para não se “limitar” a ser um dos maiores e mais seguros comentadores de Benjamin. Não contente com esse fato, ele parte, sobretudo nos dois últimos capítulos, para um desdobramento e para uma “adaptação aos tempos pós-modernos” de algumas ideias seminais de Benjamin, sobretudo com relação à arquitetura.


  O leitor descobre, entre muitos outros insights memoráveis, por que o átrio deve ser visto como o herdeiro das passagens do século XIX. O autor descreve ainda o flaneur pós-moderno entre os lobbies dos aeroportos e os átrios dos hotéis e museus do mundo — espaços estes que ambiguamente exploram a dialética entre o interior e o exterior —, discutindo com autoridade as concepções de teóricos da arquitetura mais recentes, que ele confronta com a teoria benjaminiana da “boa barbárie”.



Márcio Seligmann-Silva


Sobre os autores(as)

Missac, Pierre

Pierre Missac não apenas conheceu — por intermédio de Georges Bataille — Walter Benjamin na Paris dos fatídicos anos finais da década de trinta, mas também, assim como outros dois eminentes amigos de Benjamin, Gershom Scholem e Theodor Adorno, dedicou-se no pós-guerra à tarefa urgente de publicar as obras daquele genial filósofo, crítico e ensaísta. Além de auxiliar da publicação das suas Obras completas ele também redigiu ensaios sobre o seu amigo e um único livro — publicação póstuma que faz parte do seleto círculo das melhores obras que já foram dedicadas ao pensamento de Benjamin.
Esta obra tem como uma das suas grandes qualidades o equilíbrio delicado entre o rigor filológico e a tendência para o ensaio guiado pela livre-associação.

Escorel, Lilian

Bacharel em Letras, com habilitação em Francês, pela Universidade de São Paulo (1988). Possui especialização em tradução literária (língua francesa) pela Universidade de São Paulo (1991) e especialização em técnicas editoriais pela Universidad de Barcelona (1995). É mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (2002) e doutora em Letras, Literatura Brasileira, pela Universidade de São Paulo (2008). Tradutora Pública e Intérprete Comercial nos idiomas inglês e francês desde 2000. Participou do "Estudo do processo de criação de Mário de Andrade nos manuscritos de seu arquivo, em sua correspondência, em sua marginália e em suas leituras", projeto temático FAPESP/IEB/FFLCH-USP, coordenado pela Profa. Dra. Telê Ancona Lopez, no qual desenvolveu sua tese de doutorado. Tem experiência nas áreas de Letras e Editoração, atuando principalmente nos seguintes assuntos: crítica e edição de texto, crítica genética, Monteiro Lobato, Mário de Andrade, modernismo brasileiro, vanguardas europeias. É pesquisadora associada à APCG (Associação dos Pesquisadores de Crítica Genética), bem como participa do NELE (Núcleo de Estudos do Livro e da Edição). Traduziu três livros pela editora Iluminuras. Lecionou na Universidad Autónoma de Barcelona, na disciplina Língua Portuguesa do Brasil 2, na Facultad de Traducción e Interpretación (1995), também na UNIP-Universidade Paulista, nas disciplinas Interpretação e Produção de Textos e Comunicação e Expressão (2009-2010). Realizou no IEB-USP a pesquisa de pós-doutorado "O banquete de Mário de Andrade: edição fidedigna e estudo genético", com bolsa FAPESP e supervisão da Profa. Dra. Telê Ancona Lopez (2010-2011). "L'Esprit Nouveau nas estantes de Mário de Andrade", livro que resulta de sua tese de doutorado, foi publicado em maio de 2012, pela editora Humanitas com auxílio FAPESP.
ISBN 9786555190441
Autores Missac, Pierre (Autor) ; Escorel, Lilian (Tradutor)
Editora Iluminuras
Idioma Português
Edição 2
Ano de edição 2020
Páginas 208
Acabamento Brochura
Dimensões 15,50 X 22,50
Pague com
  • Pagali
  • Pix
Selos

MYRE EDITORA, COMERCIALIZADORA, IMPORTADORA E DISTRIBUIDORA LTDA - CNPJ: 50.295.718/0001-20 © Todos os direitos reservados. 2025

Utilizamos cookies para que você tenha a melhor experiência em nosso site. Para saber mais acesse nossa página de Política de Privacidade