SINOPSEApesar de considerado um dos maiores poetas alemães e um poeta de vanguarda em seu tempo, Arno Holz é muito pouco conhecido mesmo na Alemanha. Phantasus é seu trabalho mais importante: um longo poema formalmente inovador que se estrutura verticalmente a partir de um eixo central (uma façanha numa época totalmente analógica), criando uma visualidade intencionalmente orgânica, com ênfase na sonoridade. Uma narrativa que parte de cenas e sensações do cotidiano de forma circular, retomando e desenvolvendo os mesmos temas no decorrer do percurso poético. A tradutora-autora nos traz trechos dessa obra em que reconstitui toda a sua atmosfera, reproduzindo a estrutura, a sonoridade e a intensidade em um exercício extremamente criativo. E oferece ao leitor um painel que desvela o poeta e a obra de um ponto de vista crítico, bem como o trabalho da tradução. QUARTA-CAPAPhantasus é uma jornada pela teoria e pela prática da tradução de poesia de vanguarda tendo como ponto de partida, e de chegada, o poema-livro Phantasus, de Arno Holz (1863-1929). Após nos apresentar a trajetória do poeta alemão, Simone Homem de Mello adota a premissa de que a concepção de linguagem poética realizada pela literatura, especialmente a de vanguarda, revela a singularidade estética e histórico-literária do original, nisso travando um diálogo de afinidades e divergências com os pensamentos teóricos de Haroldo de Campos e Henri Meschonnic. O estudo das traduções da obra para o francês, o inglês, o italiano e o português empreendido neste trabalho de Simone Homem de Mello enriquece a análise e expõe ao leitor os desafios dessa empreitada. Os mesmos parâmetros empregados no cotejo das traduções citadas caracterizam sua própria brilhante tradução dos dezessete fragmentos de Phantasus aqui apresentados, constituindo uma verdadeira inspiração para a tradução de poesia de vanguarda em geral.SIGNOSA coleção Signos é dedicada à poesia experimental, trazendo poetas brasileiros e estrangeiros comprometidos com a radicalidade da linguagem. Foi concebida e dirigida por Haroldo de Campos até a sua morte, e hoje é dirigida por Augusto de Campos.DA CAPAUma composição circular em que elementos naturais que flutuam sem uma clara definição espacial aludem ao caráter circular da obra de Arno Holz, seu lirismo e radicalidade. Ilustração e montagem de Luisa Moritz Kon/Bicho Coletivo. ARNO HOLZ (1863-1929)É poeta e dramaturgo, muito ligado às correntes estéticas do naturalismo e do impressionismo, é considerado um dos precursores da poesia concreta, graças à ênfase que colocava na disposição visual e no arranjo sonoro dos poemas, que constituíam poemas-livro. Filho de um farmacêutico e de uma dona de casa, trabalhou como jornalista, mas optou por ser um escritor independente, o que lhe garantiu estar quase sempre em dificuldades financeiras. A partir de 1896, começa a trabalhar na criação de um ciclo dramático, do qual apenas três obras vieram à luz: uma comédia (Socialaristokraten, 1896) e duas tragédias (Eclipse, 1908; e Ignorabimus, 1913), sem nenhum sucesso. Phantasus é sua obra-prima. O livro descreve o poeta meio faminto e desprezado em seu próprio bairro, Wedding, em Berlim. Holz trabalhou nesses poemas ao longo de toda a sua vida criativa, muitas vezes modificando, descartando e revisitando as diversas versões. Uma característica tipográfica da poesia é que todas as linhas estão centradas em um eixo dando bordas irregulares tanto à direita quanto à esquerda (o que é comum na era dos computadores, mas muito raro na época).SIMONE HOMEM DE MELLO É escritora e tradutora literária. Estudou Letras (Anglo-Germânicas e Latinas) na Universidade de São Paulo – USP, fez mestrado em Literatura Alemã na Universidade de Colônia (Alemanha) e doutorado em Estudos da Tradução na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Durante seu período de permanência na Alemanha (em Colônia e Berlim), de 1993 a 2010, trabalhou como autora, dramaturgista, libretista de ópera, tradutora e redatora. Lá, escreveu libretti para as óperas Orpheus Kristall (Munique, 2002), Keine Stille außer der des Windes (Nem Silêncio Senão o do Vento, Bremen, 2007; Manheim, 2022), Ubu – eine musikalische Groteske (Gelsenkirchen, 2012). Seus poemas em português estão reunidos nos livros Périplos (Ateliê, 2005), Extravio Marinho (Ateliê, 2010), Terminal, à Escrita (Lumme, 2015) e em antologias brasileiras e estrangeiras. Como tradutora, dedica-se especialmente à poesia moderna e contemporânea de língua alemã e à obra do escritor austríaco Peter Handke. Coordenou, de 2012 a 2014, o Centro de Referência Haroldo de Campos da Casa das Rosas, onde hoje atua como pesquisadora de acervo. Desde 2011, coordena o Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida. Suas últimas publicações são Augusto de Campos: Poesie (antologia vertida para o alemão, selo Demônio Negro, 2019), Haroldo de Campos Tradutor e Traduzido (coorganização, Perspectiva, 2019), Editando o Editor: Guilherme Mansur (Edusp, 2018) e Histórias em Imagens e Versos: Wilhelm Busch Traduzido Por Guilherme de Almeida (Ateliê, 2017).
Sobre os autores(as)
Mello, Simone Homem De
Simone Homem de Mello é escritora e tradutora literária. Estudou Letras (Anglo-Germânicas e Latinas) na Universidade de São Paulo e fez mestrado em Literatura Alemã na Universidade de Colônia. Durante seu período de vida na Alemanha (nas cidades de Colônia e Berlim), de 1993 a 2010, trabalhou como autora, dramaturgista, libretista de ópera, tradutora e redatora. Escreveu libretti para as óperas Orpheus Kristall (música: Manfred Stahnke, Biennale für Neues Musiktheater, Munique, 2002), Keine Stille außer der des Windes (Nem Silêncio senão o do Vento, música: Sidney Corbett, Bremer Theater, 2007), UBU – eine musikalische Groteske (música: Sidney Corbett, Musiktheater im Revier, Gelsenkirchen, 2012). Seus poemas em português estão reunidos nos livros Périplos (São Paulo, Ateliê Editorial, 2005), Extravio Marinho (São Paulo, Ateliê Editorial, 2010), Terminal, à Escrita (São Paulo, Lumme Editor, 2015) e em antologias de poesia brasileira contemporânea, entre as quais Antologia de Poesia Brasileira do Início do Terceiro Milénio (org. Claudio Daniel; Lisboa, 2008); Tigertail, A South Florida Poetry Annual – Brazil Issue (org. Horácio Costa e Charles A. Perrone; Miami, 2008) e Roteiro da Poesia Brasileira – Anos 2000 (org. Marco Lucchesi; São Paulo, 2009) e Poesia Prévia (org. André Dick, São Paulo, no prelo). Como tradutora tem se dedicado especialmente à poesia moderna e contemporânea e à obra do escritor austríaco Peter Handke. Atualmente, também trabalha como coordenadora de projetos do Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida, em São Paulo. |
Holz, Arno
É poeta e dramaturgo, muito ligado às correntes estéticas do naturalismo e do impressionismo, é considerado um dos precursores da poesia concreta, graças à ênfase que colocava na disposição visual e no arranjo sonoro dos poemas, que constituíam poemas-livro. Filho de um farmacêutico e de uma dona de casa, trabalhou como jornalista, mas optou por ser um escritor independente, o que lhe garantiu estar quase sempre em dificuldades financeiras. A partir de 1896, começa a trabalhar na criação de um ciclo dramático, do qual apenas três obras vieram à luz: uma comédia (Socialaristokraten, 1896) e duas tragédias (Eclipse, 1908; e Ignorabimus, 1913), sem nenhum sucesso. Phantasus é sua obra-prima. O livro descreve o poeta meio faminto e desprezado em seu próprio bairro, Wedding, em Berlim. Holz trabalhou nesses poemas ao longo de toda a sua vida criativa, muitas vezes modificando, descartando e revisitando as diversas versões. Uma característica tipográfica da poesia é que todas as linhas estão centradas em um eixo dando bordas irregulares tanto à direita quanto à esquerda (o que é comum na era dos computadores, mas muito raro na época). |