Em 1º de janeiro de 1918, desembarcava na França um som até então desconhecido no Velho Continente: o jazz. O estilo, que estava nascendo na América, chegou à Europa pelas mãos do 15º Regimento de Infantaria da Guarda Nacional de Nova York, composto por soldados do Harlem, famoso bairro negro da cidade. Carregadores de malas, estivadores, mecânicos, boxeadores, advogados e músicos, esses combatentes acabaram relegados a trabalhos secundários e a serviços de apoio. Negros de origens diversas que quiseram acreditar que combater lado a lado com seus compatriotas brancos faria deles seus iguais. Homens rejeitados pelo próprio exército, que encontraram nas tropas francesas irmãos em armas que os reconheceram por sua coragem – e não apenas porque levaram o jazz em suas malas! Treinados pelo exército francês, logo mostraram que sabiam empunhar suas armas tão bem quanto seus instrumentos, e suas façanhas heroicas na guerra se tornaram tão conhecidas quanto sua música. Em novembro daquele mesmo ano, retornaram vitoriosos aos Estados Unidos ostentando a mais alta condecoração das forças francesas. A batalha, porém, estava longe de terminar. Se do outro lado do oceano haviam lutado pela liberdade contra os soldados do Kaiser, em casa teriam que lutar pela democracia contra inimigos ainda mais cruéis: o racismo e a segregação. Foram necessários quase cem anos para que, em 2015, os heróis do Harlem fossem finalmente reconhecidos e honrados de forma oficial pelo governo do presidente Barack Obama.“Thomas Saintourens relata a história desses combatentes com muita humanidade, não se contentando com seus feitos de guerra, mas traçando igualmente uma galeria de retratos reveladores da condição dos negros norte-americanos no começo do século XX.” Christophe Forcari, Liberation “Comovente.” Alexis Lacroix, L’Express “Uma emocionante página da história narrada com primor.” Stéphane Loignon, Le Parisien
Sobre os autores(as)
Scheibe, Fernando
Fernando Scheibe nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 1973. É doutor em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina e professor de língua francesa e literaturas de expressão francesa na Universidade Federal do Amazonas, onde desenvolve pesquisas na intersecção entre tradução, teorias críticas e filosofia política. Como tradutor, verteu, entre outros, os seguintes livros: Divagações (2010), de Stéphane Mallarmé; O erotismo (2013) e Sobre Nietzsche (2017), de Georges Bataille; O belo perigo e A grande estrangeira (2016), de Michel Foucault; e A filosofia crítica de Kant (2018), de Gilles Deleuze. É também revisor e editor da Cultura e Barbárie Editora, com sede em Santa Catarina. |
Saintourens, Thomas
Thomas Saintourens é jornalista nas revistas Usbek & Rica, Le Parisien e Géo, nas quais discute especialmente questões sociais. Ele também é autor de Le Maestro: à la recherche de la musique des camps 1933-1945 (2012). Para este livro, ele teve acesso ao arquivo enviado à Casa Branca em defesa da concessão da Medalha de Honra póstuma ao bravo soldado Henry Lincoln Johnson. |