É possível reunir, em um mesmo livro, temas como fé e festas, guerras, comida, música, mitos e encantos de um país tão diverso como o Brasil? O desafio parece ainda mais “assombroso” se considerarmos as pecularidades e nuances de manifestações populares do Oiapoque ao Chuí, com povos e histórias que participam de uma rica e dinâmica miscelânea cultural. Das várias acepções que o conceito de “cultura” tem, a que norteia o Almanaque Brasilidades é aquela que encara a cultura como todo processo humano de criação e recriação das formas de viver; englobando padrões de comportamen¬to, visões de mundo, elaborações de símbolos, crenças e hábitos. Formas de nascer, amar, odiar, matar, morrer, cantar, dançar, orar, praguejar, beber, comer...Dessa maneira, o historiador Luiz Antonio Simas apresenta, em estilo inspirado nos almanaques populares – leve, dinâmico e rico em informações e curiosidades –, as tradições brasileiras que se inscrevem no tempo, mas também que se reinventam e se renovam em suas expressões populares. As festas dos santos católicos, as crenças de origem indígena, a forte herança religiosa afro-brasileira. Dos grandes personagens nacionais, como Rui Barbosa, Marechal Rondon e Gilberto Freyre, aos menos conhecidos, mas não menos encantadores, como a quitandeira Sabina das Laranjas, o tecelão Francisco Carregal, primeiro negro a jogar em um time de futebol no Brasil, e Zé Limeira, o poeta surrealista do cordel. Todos fazem parte de um mesmo universo mágico e popular, onde convivem benzedeiras, rezadeiras, rendeiras, profetas, sambistas e generais, ao lado de mitos e assombrações, como o saci, a onça cabocla, o capelobo e outros elementos que se encontram nas encruzilhadas do país. É, portanto, dos dilemas inventados no tempo, nos cotidianos de campos e cidades, em formas próprias de recriar mun¬dos – entre a fantasia e a História –, que nascem e vivem as brasilidades.
Sobre o autor(a)
Simas, Luiz Antonio
Luiz Antonio Simas é escritor, historiador, professor e compositor popular. Tem dezenove livros, diversas canções gravadas e mais de uma centena de artigos publicados em jornais e revistas sobre festas de rua, sambas, culturas brasileiras, futebol e carnaval. Pelo Dicionário da História Social do Samba, escrito em parceria com Nei Lopes, recebeu o Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção, em 2016. Foi finalista do mesmo prêmio em 2018. Desde 2012 dá aulas sobre culturas populares em praças, botequins e ruas do Rio de Janeiro. Lançou pela Bazar do Tempo o Almanaque Brasilidades – Um inventário do Brasil popular. |